O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou nesta quarta-feira (16) à comunidade internacional durante a COP27, que acontece em Sharm El-Sheikh, no Egito. Ele garantiu que, em seu governo, a agenda climática será prioridade, e o agronegócio será um “aliado estratégico”.
Lula defendeu a geração de riqueza sem alteração do clima e a exploração responsável da biodiversidade da Amazônia.
“Vamos provar que é possível promover crescimento econômico e inclusão social tendo a natureza como aliada estratégica e não mais como inimiga a ser abatida a golpes de tratores ou motosserras”, disse.
O presidente eleito afirmou que a “produção agrícola sem equilíbrio ambiental deve ser considerada uma ação do passado”.
“A meta que vamos perseguir é a da produção com equilíbrio, sequestrando carbono, protegendo a nossa imensa biodiversidade, buscando a regeneração do solo em todos os nossos biomas, e o aumento de renda para os agricultores e pecuaristas”, disse o presidente eleito.
“Estou certo de que o agronegócio brasileiro será um aliado estratégico do nosso governo na busca por uma agricultura regenerativa e sustentável, com investimento em ciência, tecnologia e educação no campo, valorizando os conhecimentos dos povos originários e comunidades locais”, acrescentou.
Combate a crimes ambientais
Lula afirmou que “não há segurança climática para o mundo sem uma Amazônia protegida” e prometeu retomar e reforçar ações de combate aos crimes ambientais.
“Os crimes ambientais, que cresceram de forma assustadora durante o governo que está chegando ao fim, serão agora combatidos sem trégua. Vamos recriar e fortalecer todas as organizações de fiscalização e o sistema de monitoramento que foram desmontados nos últimos quatro anos. Vamos punir com todo o rigor o responsável por qualquer atividade ilegal, seja garimpo, seja mineração, extração de madeira ou ocupação agropecuária indevida”, disse.
Sem revelar o nome do futuro ministro do Meio Ambiente, o presidente eleito destacou que “o combate à mudança climática terá o mais alto perfil na estrutura do próximo governo”.
Brasil no cenário internacional no combate às mudanças climáticas
Lula disse que o Brasil está de “volta para reatar laços com o mundo e ajudar novamente à combater a fome no mundo”. O presidente eleito afirmou em seu discurso que o país irá cooperar com os países mais pobres, sobretudo da África, e com os países da América do Sul, para “lutar por um comércio justo entre as nações e pela paz entre os povos”.
Ele defendeu ainda uma ordem mundial “pacífica” e acertada com base no “diálogo, multilateralismo e multipolaridade”.
“Voltamos para propor uma nova governança global. O mundo de hoje não é o mesmo de 1945. É preciso incluir mais países no conselho de segurança da ONU e acabar com o privilégio do veto, hoje, restrito a alguns poucos, para a afetiva promoção do equilíbrio e da paz”, defendeu
COP30 no Brasil e reunião de países da Amazônia
Durante o discurso, Lula ofereceu o Brasil como sede da COP30, que acontecerá em 2025.
Ele ainda propôs a realização da Cúpula dos Países Membros do Tratado de Cooperação Amazônica.
O objetivo, segundo o presidente eleito, é que “Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela possam, pela primeira vez, discutir de forma soberana a promoção do desenvolvimento integrado da região, com inclusão social e responsabilidade climática”.
(CNN)